terça-feira, 13 de setembro de 2011

Laguna de Perlas

Deixámo-nos dormir, no entanto às 11h saltamos da cama, vamos ver se ainda sairá algum barco para a lagoa de perlas. Esta localidade situa-se a 80km de Bluefields, junto à costa.

O barco estava quase cheio, mas ainda teve lugar, para nós e para outros, que não poderiam ser senão: os nossos novos companheiros. Temos vivido nesta luta entre gato e rato, uns seguindo, casualmente os outros.

Em conjunto no barco conhecemos outros dois turistas, tendo-se tornado locais, à 11 anos no caso da Americana Cynthia e à 3 anos, para o espanhol Pedro.

A Cynthia, faz parte do WCS (wildlife conservation society), e desde que chegou à lagoa luta contra a captura de ovos de tartaruga e das próprias tartarugas. Acabámos por a visitar no seu local de trabalho mais tarde e com bastante emoção, falava-nos de como pela primeira vez conseguiram ver uma tartaruga bebé Hawksbill (1 das 7 espécies de tartarugas marinhas). Ninguém local a conseguia identificar, pois até então todos os ovos tinham sido caçados, mas graças ao programa de incentivos criados, e a longa e difícil consciencialização junto da população, todos ficaram a conhecer como é a cria bebé :D Os incentivos passam pela distribuição de uma T-shirt por cada tartaruga reconhecida em que será colocada um tag para acompanhamento posterior…

Passámos pelo gabinete da Cynthia, uma vez que gostaríamos de efectuar um tour às pearl keys, mas o valor que o Pedro (o espanhol que conhecemos no barco, que também é dono de um restaurante e efectua Tours) nos pedia parecia demasiado excessivo. A Cynthia teve a coragem de na sua frente, quando os conhecemos e questionamos um bom local para comer (sendo a resposta do Pedro muito simples), indicar um outro restaurante local. Devido a isso pareceu-nos que nos diria com franqueza uma outra opção. Deu-nos mais duas opções, mas a hora levou-nos a efectuar a visita à localidade de Awas e quando regressámos não tivemos tempo para mais, acabámos por combinar com o Pedro.

Entretanto, durante a tarde fomos visitar Awas. Uma comunidade local a 30 min de distância, a pé, de lagoa de perlas. Nesta localidade, fui muito bem recebida por um local, que me foi mostrando o local e poderei dizer que o senti genuinamente simpático, apesar da tentativa que me indicar as suas actividades como guia.
Fiquei a saber que moram cerca de 150 pessoas, em pequenas casas de madeira e que são na sua maioria pescadores. Apesar de sermos os únicos turistas em lagoa de perlas e não termos avistado mais nenhum por estes lados, a localidade tem um restaurante muito bonito e cheio de condições. Tinha alguns míudos locais a conviver ao final do dia.


Awas tem um campo de basquetebol, onde umas raparigas lançavam ao cesto, estive mesmo quase a juntar-me, mas fiquei apenas atrás da câmara.


A localidade tem a vibe do Caribe, muitas redes de pesca e um ritmo bem lento. 

 

Aqui, onde o tempo passa mais depressa que a vida, o reggae acompanha o dia. Quando regressávamos podíamos observar as famílas em casa a brincar com os míudos ou simplesmente deitados nas hamacas. A maioria convive apenas fora de casa, dentro é simplesmente para proteger da chuva e para a noite. Esta é também uma das coisas que vemos por toda a Nicarágua. Miúdos descalços a correr nas pedras e nas poças, os pais deitados nas redes cá fora…
Por norma consigo sempre um registo fotográfico, mas aqui todas as pessoas nos olhavam, éramos “os outsiders” e senti-me mal em tirar fotos sem pedir :( não registei as famílias numerosas, mas agora que me lembro ainda sinto a mesma sensação de quando por lá passei, no local onde parece que o tempo corre ainda mais devagar :D

Julgo que estas são as fotos que melhor o espelham....

 
 

Mas, nem todas as fotos foram perdidas, pois estas irmãs lutaram bastante por um lugar na minha câmara. Após cada clique corriam para ver o resultado e tentavam melhorar as suas poses e destacarem-se ainda mais, de tal forma que duas caíram no chão enquanto lutavam para ficar uma à frente da outra :D

 
 
 
 

Combinámos jantar todos juntos, no restaurante do Pedro (Queen Lobster) e acertar os detalhes sobre a visita. 


Para o Thiago e para mim, pedimos o prato “Good time friends – big”. Uma variedade de peixe, caranguejo e camarão frito, com plátano frito.. aconselham para 4, mas eu insisti que comia bastante e deixámos muito pouco..
Combinamos às 10h na manhã seguinte.

Nessa noite, enquanto a ventoinha tinha um suave barulho e eu lá ia dando os habituais pontapés ao Thi, um estrondo enorme fez-se soar, que me levou a pular da cama a uma velocidade impressionante. Por um minuto ainda tentei processar o que se tinha passado, nesse mesmo instante toda as luzes se apagaram e não fossem já 5h, estaríamos completamente às escuras. Um trovão, como nunca antes tinha sentido caiu bem próximo de nós, enquanto a chuva ruidosa obrigava-nos a um esforço para nos fazer ouvir. Durante o minuto que levei a processar pensei o que habitualmente um Tuga pensa: este trovão é gigante, felizmente não estamos num daqueles países que têm tufões e desastres naturais… depois esse minuto passou e voltámos à realidade….Ao país onde os desastres naturais podem de facto acontecer, e a espelhar isso mesmo foi aquele trovão, ao qual se seguiram diversas réplicas. Fiquei com medo e agarrei o braço do Thiago, o qual se sentia seguro por estarmos numa “casa de cimento”.. mas a minha cabeça fazia os mais diferentes cenários e o medo vs a curiosidade levaram-me a abrir a porta, que cerrei de imediato e coloquei-me debaixo do lençol, como se ficasse mais protegida, mas de alguma forma ajuda…. Pensei em telefonar para mostar em Portugal como uma tempestade tropical soa, mas o pânico que causaria, mais utilizar um telemóvel que atrai radiações, fizeram-me desistir da ideia rapidamente …

Às 8h ainda chovia violentamente e desistimos mentalmente da viagem para pearl keys. O Pedro nem a chegou a preparar, conforme nos mencionou, quando indicamos que não queríamos mais seguir… “Nunca senti nada assim”, mencionou… mais um motivo para não irmos para uma ilha deserta dormir numa tenda… para a próxima talvez…

E assim ficamos sem luz de manhã, no quarto… Estava com sono e de facto durante a manhã não fiquei nada aborrecida, por não termos seguido… até nem acordei quando os nosso companheiros se vieram despedir para seguir para corn island…

Acordei sim por volta das 13h, com o estômago às voltas… e não era a única…. parece que o “good time friends”, serve para testar a nossa capacidade de amizade bem juntos e doentes… Por dois dias não saímos do quarto, apenas para jantar, pois o almoço foi sempre pão de côco e coca-cola :D
Conseguimos devorar toda uma temporada de How I met your mother, assim que a luz regressou….

Volvidas mais de 48 horas, regressamos às ruas…
Voltei a sentir o mesmo, este terra é muito clama e tranquila… não tem nada para fazer e passei muito tempo no quarto, mas gostei bastante e ainda me faz sorrir quando me lembro :D

 
 

O mesmo sorriso não o tenho quando me lembro da viagem de volta a Léon. Saímos às 5h30min da Lagoa e chegamos às 21h a Léon, não me sentei em mais nenhum lado que em Autocarros e os únicos momentos fora de um, foram 2 idas à casa de banho…. Preciso novamente de dormir…


Post by Helena

+ Fotos

Laguna de Perlas
Almoço, tubarão!!!
Camarão a Secar
Apenas uma pinça grande, a outra não caiu é mesmo assim
Bar Relax!!
Por baixo tem vida...

Awas

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