sexta-feira, 15 de julho de 2011

Matagalpa

Agora, estamos quase sempre sem internet, motivo?? Ninguém sabe..incluindo o técnico. Como desconhece o motivo, diz-nos que irá voltar um dia destes....Não consegui verificar os horários, mas recordo-me que existe mini-vans com o nome de Matagalpa (aqui escrevem os destinos nas carrinhas para identificação, isso e Jesus Ama-te e está sempre presente...). Cheguei ao terminal em Léon eram quase 11h. Encontrei a carrinha e perguntei qual o horário, indicaram-me às 12h. Perguntei ainda qual a carrinha que iria fazer o caminho, pois esta, está sem pneu e travão da frente, com tudo desmontado e visível. A resposta foi simples: "Esta mesmo".. porque me atrevi a perguntar?!?!? Tenho uma hora de espera e enquanto tento fugir do calor, dos vendedores e dos mosquitos..encontrei uma barraquinha onde um sr comia algo com mt bom aspecto. Costumam dizer que os olhos também comem,  mas é raro acontecer por estes lados....Agora este prato despertou-me o apetite : Frango guisado, batata, arroz, feijão e plátano (cortado bem fininho que parecem batata frita) e a tortilha. Despensei a tortilha e metade do arroz, agora o resto...meah.... na estação, num banco alto, numa barraquinha pintada pela coca-cola e por apenas 1 euro comi a melhor refeição num comedor local :D

Matagalpa encontra-se a 130 km, imaginei que nesta carrinha devemos demorar menos que no chicken bus. Foi verdade, mas mesmo assim 2h15min, o que significa 60km/h.... :S

Com apenas duas indicações em Matagalpa, o hostel e o museu do café, com o segundo fechado, fui directamente para o primeiro. Chovia/chovia, aqui quando chove é a sério. O táxi parou no meu destino, tentei esperar um pouco, mas num país habituado à chuva, a pressão de todos foi mt grande..não compreendem a minha reticência em sair...vou ficar toda ensopada!!! sai  e fiquei que nem um pinto em apenas 3 metros...

Esperei que a chuva passasse, mas teimava em parar. Fiz apenas uma visita rápida pelas avenidas principais. Matagalpa tem uma estrutura diferente do habitual para o que vi neste país. Situada num vale, a sua população já a obrigou a crescer nos montes em redor, com a companhia de uma imensa vegetação. Fez-me lembrar as favelas que ainda não vi no Brasil.

 
 

Consegui tb descobrir o único prédio que vi pela Nicarágua e também um pavilhão onde se realizava possivelmente um torneio de basquetebol. Matei as saudades e fez-me pensar que só devia ter praticado este desporto se tivesse "crescido" aqui!

 
 
 

Jantei num lugar indicado pelo hostel, um restaurante italiano que vem referido desta forma no lonely planet: "Díficil de localizar mas vale a pena o trabalho"..continua.."fechado na altura da investigação para o livro, mas os locais asseguram que é bom". Hum!!! lol!!! Fica apenas a 2 minutos do hostel, mas consegui perder-me. Temos de entrar por uma rua que parece as entradas das moradias e confirma-se que vale a pena, saborosso!!!

Regressei à praça central onde decorria um concerto. Estava cheio, mt cheio com mt energia e todos a cantar em grupo. Será algum grupo conhecido? Nop...igreja do reino de Deus cá da zona.. percebi pelo chamatório a Cristo entre as palmas...

Decidi voltar ao pavilhão e continuar a ver basket, eram 21h e ainda jogavam :D

No segundo dia, decidi subir ao Cerro Assuncion, estava na estrada junto ao início da subida e vi uma polícia local. Como turista, máquina fotográfica na mão e ainda por cima sozinha, lembro-me sempre que pode não ser mt seguro. Quando ia confirmar com a sra a segurança do local, falou-me que deveria ir de táxi, dando a volta. Que era muito perigoso ir sozinha por ali. Bolas, taxi .. a volta? como será?? parei na estação dos autocarros e perguntei a outro local, que me indicou que não é possível aceder de táxi... E agora?? será que me vou meter num táxi e me levam sei lá para onde?!?!? Vi outra sra polícia e fui novamente perguntar. Disse-me que era seguro e que não havia problema, queria acreditar e então seguia-a, o que me deixou a 3/4 do caminho. Continuei sempre a subir, até que a estrada terminou e um caminho mt obscuro iria começar. Encontrei uma criança que aguardava o camião do lixo e perguntei-lhe. Indicou-me que me levaria lá e que era mt perigroso aos sábados, mas dado que hoje é segunda não faz mal!!! O que a curiosidade faz aos turistas...segui-o. A meio do caminho contou-me como tinham encontrado já vários corpos de pessoas assassinadas ali...Porque me estás a contar isso? Depois disse-me que não havia problema, pois eu estava com ele e ele tem muitos tios... Espero que sim!!!!

Chegamos ao topo e a vista é de facto muito bonita, mas não vale a pena, face ao risco de ser assaltada, quanto mais, qq outra coisa ainda mais grave...

 
 
 
 

O miúdo começou a falar com alguns homens que trabalhavam na construcção e disse-me que tinha de ir rápido para casa. Apontou ainda um outro caminho para descermos...Enquanto o faziamos mencionou o facto de estar atrasado e que tinha de correr. Não o deixei largar-me ali e tentei andar o mais rápido possível. Mesmo assim parecia mt lenta, comparando com o seu corpo esguio e pernas aceleradas... Nada me aconteceu, mas quando o miúdo chegou a casa levou um sermão enorme, valeu-lhe as 50 córdobas (30 córd = 1 eur) que lhe dei pela ajuda... E a turista sobreviveu intacta :D

Segui para a casa do fundador do FSLN.


Um dos motivos de orgulho da cidade, pelo facto de ser originário de lá. Infelizmente não chegou a ver a Nicaragua livre do seu ditador (família Somoza) mas fundou o partido que actualmente se mantém no governo.

 
 

Recentemente o presidente até alterou a lei, que apenas permitia um mandato por pessoa, de forma a poder ser reeleito. Mas pelo que vejo é mesmo essa a vontade local. Estive uma hora a ouvir o sr a indicar como as coisas agora vão mal e não existe o respeito de antigamente. Mesmo com guerra e oprimidas as pessoas eram "mais felizes e unidas", acho que já ouvi isto antes... A minha teoria é que quem o diz era mais jovem e enérgico e agora tem a percepção alterada... não somos todos assim??? Porque penso que a geração morangos com açúcar é pior que a que via os Riscos??? Não seriam a mesma coisa?!!?!? Enfim.....

Em seguida coloquei-me no Autobus para descobrir os indigenas de El Chile, uma comunidade que tece manualmente. Enquanto aguardava lembrei-me de perguntar a que horas o autocarro regressava. Fugi o mais rápido que pude, de dentro do Autocarro. Só regressa no dia seguinte!
A estação de autocarros tem uma vida imensa e apesar de parecerem as mesmas imagens, nunca me canso de fotografar esta intensidade!!!

 
 
 
 

Fui  visitar a fábrica de chocolate. Julgo que apenas existe mais 1 no país. Em Léon têm uma secção de chocolate no supermercado com a largura de 50 cm e mesmo assim não está cheia. Aquilo que não esperava, era ver nesta pouca oferta, os famosos Ferrero Rocher. Não se vendem no Verão em Portugal para não perderem as suas propriedades e  aqui onde a temperatura miníma são 25ºC é o chocolate que mais reconheço... A fábrica estava fechada, tentei arriscar a porta lateral donde saltou um cão a ladrar como nunca antes vi. Gritei: "não me mordas" em português, na esperança que: 1º compreendesse um humano a falar; 2º compreendesse português! Felizmente funcionou e consegui sair sem uma mordidela. Regressei no dia seguinte. Quando o meu guia da fábrica me mostrou o cão, já existia uma certa empatia entre ambos....menino bonito,não morde não :P .....A fábrica tem uns 3 trabalhadores, é a fábrica mais pequena que alguma vez vi, mas eficiente, pois produz um chocolate forte e até saboroso (para os apreciadores do chocolate negro). Não lhe é adicionado leite, o que o deixa um pouco amargo, demais para os meus gostos pessoais (quando é mencionado 50%, significa que o restante é açúcar, assim como é 70%). Mas quando estamos tanto tempo sem provar, qualquer chocolatito nos alegra. Afinal o chocolate faz libertar a serotonina :D

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tive ainda oportunidade de obter uma lição em cerâmica negra, um escultor Nica. 
Entrei numa lojinha local e o rapaz parecia tão feliz de ter alguém com quem falar que explicou no seu espanhol super rápido os diferentes processos até o mais infímo detalhe. Infelizmente não percebi a maioria, mas fixei o segredo. Não é a cor do barro o importante, mas sim o processo de queima, no qual se utiliza uma serradura especial....


 
 
 



Links:


Matagalpa
Carlos Fonseca
El Castillo Del Cacau

Post by: Helena

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Nicas em Matagalpa
 
 
 
 
 

Monumento Heróis e Mártires
 
 
 

Ruas
 
 
 
 
 

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