terça-feira, 24 de maio de 2011

Big Corn Island

Existem diversos dias. Aqueles que acordamos bem cedinho, os que nos deixamos dormir, os que são iguais aos outros, os que nos marcam pela negativa/pela positiva, os que queremos que nem tenham existido, os grandes dias, os primeiros dias, os importantes, os que tememos e mts outros.... mas estes foram especiais. Foram dias dos que marcam, que temo não conseguir explicar, mas qd me recordo desta ilha perdida nas Caraíbas de imediato esboço um sorriso.
Parti sozinha no sábado, Manágua - aeroporto nacional, pedem-nos para estar 1h30 min antes, mas a necessidade seria apenas 5 min, pois este é um aeroporto em miniatura, onde em 2 min despachamos tudo e depois esperamos e esperamos.... No check In, o único local onde olham para o nosso bilhete e passaporte, entregam-nos o cartão de embarque, depois este é o responsável por todos os nossos movimentos.
Ora o cartão de embarque, não é nada mais que um GRANDE CARTÃO, semelhante aos porta-chaves dos restaurantes, que não querem, que deixemos a chave perdida por um dos bolsos.

Agora a facilidade com que poderia trocar com qualquer outro dos passageiros, como se de cromos se tratassem é impressionante, aqui tudo é com calma e sem stress, afinal vamos para as Caraíbas, para quê apressar?!!??

A ilha é pequena, com a pista aérea a atravessá-la. Existem dois autocarros que correm a ilha na única estrada pavimentada um em cada sentido. A maioria dos carros são taxis que por 50 cêntimos (euro) nos levam a qualquer ponto da ilha. A própria pista serve de campo de desporto fora do horário dos 3 voôs diários que o aeroporto recebe. Apenas quando um avião se aproxima, os seguranças fecham as entradas e é proibido atravessar.

 
 
 
Primeira tarefa, encontrar um lugar para ficar. Sempre a mesma dificuldade, queremos pelo valor mais baixo encontrar qualidade. Mesmo, com vista para o mar, existe um hotel. Quando entrei não tinha ninguém, apenas as portas abertas, as habitações não são propriamente recentes e o aspecto de hotel fantasma não me sai da cabeça, vou tentar noutro local. Volto atrás, com a mochila que me cobre os ombros e de livro na mão procuro diversos locais. Alguns ninguém conhece, outros estão completamente vazios. Um suspiro alto e outra vez de livro na mão, até um casal local me perguntar o que procuro e me sugerir  uma casa de família, onde alugam quartos. Tem como responsável, uma velhota enrugada a rondar os 85 anos, pouco simpática e sempre com aquele olhar desconfiado, mesmo assim parece-me o local perfeito e com vida. A familía ultrapassava as 10 pessoas. Bom tb tinha uma vista espectacular. Quando passava o portão ficava com os pés na areia :D

Casa Blanca
Alpendre nas traseiras
À porta da Casa Blanca

A primeira coisa que fiz foi largar as coisas e ir dar um mergulho, que se prolongou por 1h. A água aqui é tão quente, o mar tão transparente que vi claramente a luta entre dois peixinhos para me morderem. Ambos bem inofensivos, mas a minha costela da cidade fez-me emitir um gritinho quando os vi pela primeira vez a rondarem o meu bikini.... O principal defeito da Nicaragua é que escurece sempre ás 18h. O que ainda não estou totalmente habituada, pois com esta temperatura ficaria sem dúvida até às 9h na praia, como alguns dias especiais que temos no verão, mas aqui, às 18h30 min já não temos sol e por volta dessa hora saí da água.

 

Não esperava água quente, mas pelo menos uma gotinha para tirar o sal, mas estamos sem água hoje na casa. Vesti-me e aceitei o convite do meu vizinho de rastas loiras, apesar de ser bem escuro, para irmos jantar. É local, mas basicamente as irmãs colocaram-no fora de casa, pois é o único não casado e sem filhos. Como trabalha no mar, não precisa, mas agora com o vera ( 4 meses em que não se pode pescar lagosta ) alugou um quarto na Casa Blanca (nosso hostel ou qq coisa parecida) e anda por aí , alguns dias a pescar outros a sair ou a namorar. Mais à frente perguntou-me se não queria ser sua namorada, como já estou farta de explicar que não sou casada e não tenho filhos, o que nesta terra significa algo mt estranho, pois 15 anos é idade para casar e ter filhos, e devido à pergunta opto por dizer que sou casada e que não podemos ser namorados, obviamente.

Lá se foi a hipótese de um local me acompanhar numa visita à ilha, mas não há problema, dizem que é bastante seguro, pois então vou desafiar isso mesmo. Com o mapa que tirei da internet, vou palmilhar todos os cantos:

Mapa da Big Corn Island

Primeiro dia: do porto à Sally Beach e do Porto ao picnic Center (o que a sra que se sentava ao meu lado no avião me indicou que não podia perder, pois pela vista não posso mesmo)

Vista do avião sobre PicNic Center

Apesar de ser domingo no porto estavam a descarregar mercadorias, armados! A primeira vez que vi uma descarga armada foi em Léon, estava cá à relativamente pouco tempo e quando vi uma carrinha aberta com um homem armado de espingarda, instantaneamente lembrei-me daquelas carrinhas amarelas com dinheiro que vemos em Portugal, no entanto aqui estavam a descarregar uma camioneta de carne! Carne! Imaginei o Sr Manel do talho a convocar a tropa quando descarrega as pernas de porco preto.... 


Entre  a minha nova casa e o porto temos a melhor casa da ilha, a do dono da empresa que compra toda a lagosta aos pescadores e a envia para Miami, ali 24h/dia temos um homem armado à porta e o luxo contrasta tanto com as restantes casas, obviamente que o medo de levar um tiro, retirou-me a vontade de tentar fotografar a casa... 

Caminhei a rua principal e encontro-me junto ao hotel que ontem descartei. Um grupo de miúdos joga baiseboll na praia, este é o desporto nº1 na Nicaragua. Parei, estendi a toalha e mergulhei próximo deles. Começaram a rir e a olhar para mim ou para a minha pele. Não me recordo de ter visto nenhum branco desde que cheguei. Durante estes 3 dias devo-me ter cruzado com 10 turistas, talvez uma das razões porque adorei esta ilha, onde poucos turistas param, usando-a apenas para transbordo entre o avião e a pequena ilha a 40 min de distância de panga.

 
 
 
 

Aqui tudo me parece digno de fotografia, estou fascinada pela cor, no entanto não me tenho cruzado com muitas pessoas.

 
 
 
As "armadilhas" para as lagostas
 

Até que passei por uma igreja e descobri onde se escondem. Ontem além de não termos água, faltou-nos a luz...saí do quarto e aproveitei para conhecer um miúdo que me fascinou, com os seus treze anos ainda me perguntou se fosse morar para o meu país ficaria branco ....gostei tb da expressão que fez quando lhe perguntei o que havia para fazer no domingo, prontamente me respondeu ir ao estádio ver o futebol, perguntei-lhe se ia, respondeu-me que não, tinha de ir à missa.. talve esteja agora nesta igreja....

À porta da igreja
Da igreja para a bicicleta

Caso estivesse a conduzir teria alguma dificuldade de perceber esta placa, não me recordo de a ter encontrado no livro de código. Mas reconheço a sua importância, enquanto caminhava a rua principal por três vezes saltei com um caranguejo a cruzar-se a alta velocidade com os meus pés.....

  
Quando cheguei a Sally beach já tinha perdido as duas baterias que carregava comigo :( consegui num último esforço fotografar a praia onde dei um mergulho antes de subir para o terraço do restaurante para provar a Sopa de Lagosta, gostei tanto que regressei, tinha de tirar uma foto à sopa em si :D Acho que é o único local de férias que me lembro de comer sopa, embora quer na Irlanda , quer nos estados unidos, não me importaria de ter encontrado alguma... 
Felizmente na Nicarágua não me posso queixar da comida e sua variedade. Agora por esta sopa, paguei 5€, a sopa mais cara que alguma vez comi.....

 

Regressei a casa, agora tinha mesmo de passear com a máquina maior, pois, não só a mais pequena não tem bateria, como me esqueci do carregador.... E assim andei os restantes dias, como a única turista branca e sozinha, com uma máquina enorme, mas apesar de muita gente falar comigo, nunca me senti ameaçada. Segura / chinelo no pé ou mesmo descalço /reaggae/água translúcida e quente/poucos turista, que podemos pedir mais? Hum, talvez uma boa conversa com locais, foi o que encontrei neste bar, no lugar mais carismático da ilha, onde diversos grupos de miúdos  entre mergulhos e pontapés na bola, corriam de um lado para outro. Perguntei se era um bar, disseram-me que sim, depois mostrou-me a  arca e tinha 10 cervejas, mais nada, mas estavam na disposição de partilhar comigo, queria apenas água, estava cansada, então um deles pegou na bicicleta e foi comprá-la enquanto o outro me contava a suas aventuras numa ilha para onde se mudou à muitos anos atrás....

 
 

 
 
 
Por fim cheguei ao que os locais me tinham indicado como a mais bonita praia, para mim foi apenas a praia mais larga com dois resorts, onde vi turistas, algo que me tinha esquecido durante todo o dia :D

 
 

Segundo dia: a ilha tem 3 montes, hoje vou ver o primeiro. Quinn Hill é um lugar adorável com um parque infantil e vista para a praia, fiquei uns largos minutos no baloiço apenas a olhar para a paisagem. 


 
 

Desci e tentei encontrar o trilho que me levava à outra praia, os cães não me deixavam passar e ia quase andando para trás, qd o dono veio e começou a reclamar com eles, disse-lhe que os animais estavam a fazer muito bem o seu trabalho e perguntei-lhe se ia no caminho certo, confirmou-me que sim e ofereceu-me mangas. É um crime, só me lembro dos 15€ que a minha mãe pagou noi mercado em Setúbal por três mangas, quando aqui estão no chão e ninguém lhes pega, tanta abundância....


Continuei a caminhar e apenas 5 min depois cheguei à Long Beach. Corri arranquei a roupa e mergulhei. UAH foi o pior mergulho que alguma vez dei, o calor é tão intenso que o primeiro meio metro de água é tão quente que me senti a mergulhar no meu próprio suor... tinha de mergulhar bem fundo para me conseguir refrescar, no entanto quando subia à superficie outra vez aquele calor.. Saia da água e vesti a roupa mesmo molhada,conclui que era a única maneira de me refrescar...

 
 
 

Prossegui por toda a parte este da ilha antes de me encontrar de novo na Sally Beach, passei pelo cemitério de luxo, com vista para as palmeiras...


E por esta praia, onde as árvores marcam de maneira imponente a paisagem e a areia, tentando a todo o custo ser o centro das atenções.

 
 
 

Terceiro dia, o Thiago chegava no voô da tarde, logo tinha apenas a manhã e mais um monte a subir, que não julgava tão complicado. As indicações foram simples, seguir as crianças.. ainda me pergunto porque colocaram a escola cá tão em cima.... Quando cheguei ao topo do monte, não conseguia ver nada, pensei duas vezes e arrisquei subir a antena, verde, verde e ao fundo praia...


 

Cheguei ao aeroporto, arranjei taxis para os turistas e explicava quando e onde ir, já conheço pessoas e paLmilhei todos os trilhos da ilha, um pequeno pedaço de paraíso que sinto um pouco como meu....Regressei após visitar a Little Corn. Para o Thiago não tinha nada de especial, aos meus olhos racionais também não era mais bonita que a mais pequena, mas não conseguia parar de sorrir...

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Post by Helena

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