São 3 horas de Léon a Esteli, para menos de 150km, em autocarro expresso, o que nos dá a noção de velocidade nesta Terra…Paramos e paramos, ora porque estão a arranjar a estrada e temos desvios (parte positiva) ou pq deixamos sair pessoas e entrar outras. O conceito de expresso é sempre relativo, neste caso significa que o Autocarro começa em Léon e termina em Esteli…..
Quando cheguei, sabia o hostel em que queria ficar, só não sabia onde era. O terminal fica bem longe do centro, como a maioria dos terminais por estas bandas. Questiono-me se o fazem para evitar o trânsito, se para aumentar o negócio na circulação de táxis, tuc tuc, bicicletas, etc… A ideia de afastar o trânsito faz todo o sentido, agora numa terra que é atravessada pela Pan-Americana, com dois terminais, um em que seguem os veículos para o norte e outros para o Sul, porque estão "colados" e não em extremos opostos?? Lobby!!!!
Quando estava a chegar o taxista indicou-me que me deixaria próximo pois a estrada está cortada devido à feira. Feira?? Ok vou espreitar… Tive a pontaria de escolher o fds em que se realizava a Feira da Terra, com concertos, teatro, danças e as habituais comidas e tendinhas. Engraçado como a feira era exactamente igual a qualquer feira que temos em Portugal, as mesmas tendas, a vender os mesmos fios, as pulseiras para escrevermos o nosso nome, a maçã assada (atenção cada maçã aqui custa 1 euro no supermercado, produto importado = mt caro), pipocas, balões e os habituais comes e bebes, onde aproveitei para jantar. Porco na brasa, não é que me sabia mesmo a porco preto :D
No dia seguinte (domingo) aproveitei para visitar a cidade, uma vez que depois seguiria para a reserva de Miraflor. A cidade não é muito grande, mas cresceu em torno da Pan-Americana, logo é bastante comprida, mas pouco larga. Uma grande parte das estradas interiores não é alcatroada. Tem outra avenida que segue paralelamente à Pan-Americana, onde muito do comércio está localizado, depois são na sua maioria ruas com habitações.
Na visita â cidade comecei por percorrer a rua onde encontramos colados, a Galeria de Heróis e Mártires, o museu de história e arqueologia e a casa da cultura. Só a casa da cultura estava aberta, os restantes fechados. (No entanto quando regressei de Miraflor tive oportunidade de visitá-los. A primeira é dirigida pelas mães de jovens, que foram assassinados na guerra nos anos 80. A galeria dispõe de algumas fotos e pertences pessoais. É impressionante a quantidade de crianças, pois na sua maioria nem vinte anos tinham, que foram mortos na guerra. O museu de história e arqueologia, volta a mostrar algumas fotos de guerra, armas, petróglifos e pintura contemporânea...em 9 m2 de galeria. Alteramos o conceito de museu nesta Terra :D )
A casa da cultura dispõe de um dos muitos murais de Esteli, diria que esse mural é o mais marcante, também ele alusivo à guerra. Este país está bastante vincado com as feridas da guerra e em Esteli, em tempos Sandino e novamente na guerra dos Contra (anos 80) muitos se abrigaram nos seus arredores, nas montanhas.
Não estranho por isso que tenha uma unidade militar enorme que mais uma vez tem o seu muro preenchido com pinturas alusivas à liberdade e aos heróis nacionais.
Essa unidade fica na Pan-Americana, onde a agitação e a movimentação é constante. Estamos habituados a que tudo se venda na Nicarágua, pois aqui tudo é exponencializado e desde simples vendedores que correm de autocarro em autocarro, entrando num extremo e saindo no outro, depois de satisfazer os esfomeados passageiros…a muitas oficinas, discotecas, casinos e as habituais bancas de comida e bebidas. Bicicletas, motas, carros, táxis, camiões, autocarros, carrinhas, pessoas, todos circulam na sua velocidade máxima!
Durante 30 minutos....
O único dono da banca... |
Caminhou comigo entre Autocarros.. |
Quando regressei de Miraflor tive ainda oportunidade de visitar uma das muitas (cerca de 80) fábricas de puros (Charutos), um dos principais empregadores em Esteli. Nesta fábrica e nas restantes apenas a capa é importada (a última folha que cobre o charuto) sendo as plantações de tabaco um dos principais cultivos locais. Todos os charutos são feitos manualmente e quem os trabalha recebe consoante a sua produtividade. O preço de venda é de 1 dóllar por charuto e o valor que cada trabalhador recebe (os que manualmente enrolam os charutos) é de 1 dóllar por cada 30 charutos que fazem, numa média de 400 a 500 charutos por turno de 8 horas. No entanto para cada charuto estão envolvidas umas dez pessoas, desde o que constroi a caixa, até ao último que o coloca na mesma, sendo estes pagos a um valor fixo 150$ por mês….Vantagem : dentro das instalações podem fumar os quantos charutos quiserem…..
(Atenção - seguro de saúde não incluído!!!)
(Atenção - seguro de saúde não incluído!!!)
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Em Esteli
Post by Helena
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