segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Maderas


Segundo o lonely planet para a América Central v2009, o vulcão Maderas (1394 metros, último erupção: pensa-se que foi à quase 1000 anos) encontra-se nos highlights, o único ponto referenciado para a Nicarágua.
Como bons turistas, eu não arredo pé desta ilha (Ometepe) enquanto não o escalar!
O rapaz que nos alugou a casa, aqui em Ometepe também é guia, então depois de me ter feito um pequeno desconto, 70 dólares para duas semanas versus os 90$ iniciais, pensei que seria justo ser o nosso guia. Chamei-o para vir a casa e combinarmos tudo para o dia seguinte. Pelo que já me tinha informado com os diversos guias espalhados pela ilha, a escalada demora cerca de 8h e custa 10$/pessoa.
Estamos hospedados em Balgue, logo o caminho mais rápido será subir pela finca magdalena, no entanto, indicaram-me que pela finca porvenir temos um mirador muito bonito e tb os petróglifos. Logo, sugeri que começássemos às 6h mas por Porvenir que está a 40 min a pé de distância. O nosso guia, Tony, disse-nos que podíamos subir e descer pela Magdalena, seria mais próximo. Perguntei-lhe pelo mirador e confirmou, o que já me tinham indicado. Então temos de sair mais cedo porque está mais longe..ok, a que horas Tony? Às 6h30m! Mas Tony isso assim é mais tarde, queres às 5h30? Não, então pode ser às 6h! E o preço Tony? Pagam-me uma cerveja quando voltarmos…cool.. Combinado!!
Eram 5h30min bateu-nos à porta!!!

Começamos a caminhar, quando o Tony nos indicou que conhecia um atalho. Na eminência de caminharmos aproximadamente 9h, face ao desvio inicial, concordamos, mais tarde percebi que assim não veria qualquer petróglifo :)

O que mais me agrada quando escalamos um vulcão é a percepção de altura e de quanto subimos. A vista inicial por este caminho é muito agradável, com o outro vulcão Concepcion (1610 metros, última erupção: nos anos 50, existindo duas mais pequenas em 2006/7) sempre nas nossas costas. Chegamos a um ponto onde o Tony nos indicou que aqui podem tirar fotos, é este o mirador? É sim, mas existe algum ponto mais acima? Não, respondeu ele! Depois de fazermos uma pausa de 20 minutos e tirarmos muitas fotos num caminho estreito e desconfortável, chegamos ao respectivo mirador, que tem dois bancos e onde podemos sentar-nos calmamente para relaxar…Não questinei o Tony, mas sem dúvida que o meu Espanhol não está a funcionar bem :S O mirador tem uma vista incrível, infelizmente as nuvens atravessavam o  Concepcion e não conseguimos ver-lhe o cume, mas imaginei que à medida que caminhássemos, talvez o céu clareasse e quando chegássemos ao topo teríamos a vista ideal….

 
Quando nos preparávamos para partir chegou um outro grupo, um rapaz e duas raparigas gémeas, uma delas totalmente descalça, a outra com uns ténis de pano….Sem água nem comida, deixaram as mochilas em baixo. Uah!! Nem devem aguentar muito mais….que doidas!!!

Cinco minutos após ultrapassarmos o mirador, entramos numa plantação de café. Já tínhamos caminhado uma hora e a minha curiosidade perguntou, como fazem para colher o café, será que os trabalhadores têm de trepar tudo isto?! De facto não existe alternativa, uma caminhada de uma hora sempre a subir até ao local de trabalho. Reclamamos quando estacionamos o carro a 300m de casa??!! Ou o Autocarro está atrasado…!!! Assim até se poupa no ginásio :D

O caminho tornou-se cada vez mais íngreme e mais lamacento. Cada passo mais difícil e a força que fazia nas pernas e joelhos a acentuar-se. Tive de recorrer às mãos para me agarrar por diversas vezes e pedir ajuda ao Thi com pequenos empurrões….Tony, é este o caminho, não estaremos perdidos??? Estamos!! O quê, terei percebido bem?!!? Vou até a baixo perguntar ao outro guia…Volvidos 15 min regressou e confirmou que não estávamos no trilho certo, mas que também chegaríamos. Continuámos, bebíamos água a cada 5min e perdíamo-la com a mesma facilidade….Até que finalmente chegamos a um cruzamento. Nesta altura e muito mais frescas passaram por nós as gémeas, que ainda não tinham desistido!!!


Fizemos uma pequena pausa e continuamos. O trilho menos inclinado, mas não muito melhor, já tinha lama por todas as botas, quase até aos joelhos e escorregado umas quantas vezes quando demos outra vez com as raparigas, deixa feita a descerem. Então não vão continuar mais?? Vamos, responderam, mas mais a frente tem uma bifurcação e não sabemos por onde seguir. O seu guia já muito distante apenas com o rapaz, deixou-as para trás….
Depois de passarmos essa bifurcação, não sei como, mas as raparigas estavam mesmo em forma e mesmo descalça, voltamos a perdê-las, caminhando mais rápido que nós….

A vista até ao momento, após o mirador tem sido apenas árvores e arbustos: bosque, cada vez mais húmido e sem um rasto de sol que brilhava bem alto, mas que não conseguia ultrapassar a densa vegetação.

Continuamos e não foi surpresa que avistamos novamente as raparigas a descer. Então não vão continuar? Não, estamos muito cansadas, vamos descer. O Tony indicou que faltavam apenas 20min e elas mudaram de ideias e continuaram. Entretanto cruzamo-nos com o rapaz que já vinha a descer. Indicou-nos que mais 20 min estaríamos lá. Mas isso disse o Tony à 15 min!!!!! O rapaz estava certo. Entretanto chegamos ao ponto mais alto, uma vez que começamos a descer para a lagoa. Só aí resolvi perguntar: Tony não conseguimos ver a vista do topo??” Não só da a lagoa”…O quê?!?!? 

Chegámos…As gémeas estavam super contentes por terem conseguido e partilhei com elas a nossa água. Disse-lhes para levarem a garrafa, mas recusaram (“preciso das mãos livres”), beberam apenas 2/3 goles cada e regressaram, “temos de ir buscar as mochilas”…. enquanto nós descansávamos na sombra. A lagoa… bem, é pequena e bonita, mas não vale fazer 1400 metros :S


A descida seria num outro trilho e pelo que me tinham dito, melhor para quem teve problemas de joelhos, como eu, com o meu esquerdo, que ainda se estava a aguentar….mas rapidamente começou a queixar-se. O caminho era todo em barro e rochas,  cada passo tinha de ser dado com muito cuidado, para evitar uma queda. Venci o Thiago que caiu por duas vezes, mas a minha velocidade de tartaruga era impressionante…e as dores nos joelhos …Não sei qual dos dois o melhor, pois ambos se queixam e a esta velocidade vamos demorar uma eternidade…Continuávamos a perguntar quanto tempo faltava… o Tony disse que daqui a pouco estaríamos num terreno plano…O plano nunca chegou.. chegaram sim uns degraus, quando entramos na finca magdalena e avistamos mais plantações de café. Os degraus facilitavam e na minha cabeça deveríamos estar a chegar… mas andámos uns bons 2 km em escadas até ao terreno plano e que era só cá em baixo, só no final…Estava cansada, farta e com as pernas a tremer…

Ponto alto da viagem: os monos, como lhe chamam, ou macacos, como eu lhes chamo, não fosse isso, estaria a praguejar por muito mais tempo.

 
 

Comentei com o Thiago que o Tony devia ser doido, não existe cerveja que vala esta viagem….Quando chegamos bebemos a cerveja e comi um bife, para recuperar as forças!!!!
Como é que alguém consegue colocar este vulcão nos highlights?? Só alguém que não o fez. A vegetação é bonita, mas não vale o esforço. Caminhamos das 6h às 16h, 10 horas para ver árvores e mais árvores e nem conseguimos ter noção do topo, pois a vegetação é tão densa que mal vimos a água do lago que rodeia Ometepe….o caminho só pedra e lama…enfim….
Agradecemos ao Tony e começamos a pensar o que lhe oferecer, pela sua ajuda…mas volvidos dois dias veio bater-nos à porta a pedir que lhe pagássemos…o K? mas disseste que não era nada….São 25$, mas isso é mais caro que nos outros lados, pois mas esse é o valor, afirmou…Mas que simpatia, a cereja no topo deste vulcão!!!! Aí lonely planet!!!

Post by Helena

O Percurso

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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